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BRITTO, Jomar Muniz de et ali. Pop Filosofia. Recife: Novo Estúdio, 1996. 27p.
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Profª. Drª. Bárbara de Fátima.
Na poesia jomardiana, em especial, neste trabalho vanguardista, verifica-se uma forte dualidade lingüística através da oralidade/textualidade. Aquela se revelando através da cadência rítmica dos sons que a caracteriza enquanto que esta se materializa e vai se eternizando entre uma exaltação e outra apresentada pelo autor que é bastante racional, pé no chão mesmo, totalmente identificado contra a discriminação do homem em seus vários setores, ou seja, o da homossexualidade, da raça negra, da prostituição, da carência afetiva e da depressão. Tudo se apresenta sob a forma de uma análise contrastiva entre quem fala e quem escreve, e esta característica está propositadamente presente no texto do poeta onde “Todas as coisas estão cheias de Deus” (p. 4-5), onde ele faz uso de antíteses para descrevera dualidade anteriormente descrita, como por exemplo:
QUEM FALA
Diz – afaga – repete – reparte – pronuncia – perde - some - consente - gasta - flui reduz - cala - perde
QUEM ESCREVE
Condiz - subscreve - partido – interrogado - consome/é consumido - cala/intercala desgasta – frui - será falado - intercala gestos, sombras, indagações - salva
Os termos poéticos filosóficos estão metafisicamente em toda parte, como os verbos, SALVAR, RESSALVAR, ou RESSURGIR (p. 5), que definem o objetivo dos textos escritos, “isto é, a expressão do pensamento por palavras, é o único característico exclusivo do homem” (SCHLEICHER, 1965). E esta análise só se torna possível através de textos, como é o caso do Pop Filosofia e de suas poesias. E os questionamentos se sucedem de forma constante e direta “Você é quem, eu sou quem, nós somos o que falamos” (p. 5).
A obra é de grande importância literária para todos os gostos e merece ser lida/ouvida com minúcias nos detalhes.
(Resenha Crítica publicada na Revista do Unipê, v.2, n.3, João Pessoa, 19 de Maio de 1998. p.108-110)
QUEM FALA
Diz – afaga – repete – reparte – pronuncia – perde - some - consente - gasta - flui reduz - cala - perde
QUEM ESCREVE
Condiz - subscreve - partido – interrogado - consome/é consumido - cala/intercala desgasta – frui - será falado - intercala gestos, sombras, indagações - salva
Os termos poéticos filosóficos estão metafisicamente em toda parte, como os verbos, SALVAR, RESSALVAR, ou RESSURGIR (p. 5), que definem o objetivo dos textos escritos, “isto é, a expressão do pensamento por palavras, é o único característico exclusivo do homem” (SCHLEICHER, 1965). E esta análise só se torna possível através de textos, como é o caso do Pop Filosofia e de suas poesias. E os questionamentos se sucedem de forma constante e direta “Você é quem, eu sou quem, nós somos o que falamos” (p. 5).
“A fala é uma FADA” (p. 4), é uma ironia porque nem sempre expressa uma exaltação, um elogio, uma oratória mais refinada quando se aponta o “... miserabilismo: o abismo se chama agora: auto-exílio: autocensura: mais depressão” (p. 7). É expressão de objetivo: “A ideologia é mais forte e fria que o prazer...” (p. 8) do menos favorecido “A luta de classes não é mais dialética...” (p. 10) do advento do novo “Morte e Ressurreição” (p. 5). “... e a escridura, uma bruxa? “Ne4m toda escrita é bruxa” (p. 3). A criação de novos vocábulos nos poemas dão um verdadeiro show de criatividade, assim como o uso da intertextualidade da língua em “Crazy Lioness” (p. 20-21)/”Leoa desnorteada” (p. 18-19).
Na descrição das figuras de linguagem apresentadas pelo autor verificamos o uso de antíteses, aliás, é o próprio JOMARD (1997) quem as define “pela transversal do tempo, algumas palavras conseguiram ir além do meio ‘jogo de linguagem’. A persistência das e nas ‘contradições’, do pensamento divergente ou da preferência pelas ANTÍTESES em lugar de simplórias sínteses”. Nas aliterações, o som forte e pausado das consoantes que se agrupam constantemente e, assim, vão marcando o ritmo daquilo que o poeta chama de “estar sintonizado com as linguagens contemporâneas”. São exemplos de suas preciosas aliterações:
“... leoa de todas as latas, lutas...” (p. 19),
“... caruaru/Carandiru/catástrofes” (p. 7),
“... porque não posso nem pretendo...” (p. 6),
“... raízes, regiões, radicais, ruturas, raridades, rarefeitas radicalidades...” (p. 5).
As metáforas descrevem, contrastam e vão definindo a performance de um poeta latente pela modernidade cuja “linguagem é recriada, debochada, reciclada e contundente” (JOMARD, 1997). Como exemplos desta linguagem, ele apresenta:
“... chão de páginas rolantes...” (p. 16),
“... versos sujos...” (p. 16),
“... calor de fel...” (p. 8),
“... a lua luta no céu da boca...” (p.10),
“... rédeas da solidão...” (p. 12),
“... línguas de fogo...” (p. 19).
Toda esta Pop Filosofia vem musicada de forma vanguardista e coletiva, demonstrando a criatividade do autor e o seu senso de partilha em busca da unidade, onde interiormente, ele harmoniza os sons com a linguagem, transpondo para a elegia poética todos os pontos convergentes como se desse uma ordem do dia. O poeta é forte ao cadenciar suas rimas, porém, com o coração perfeitamente humano, reage contra preconceitos em relação aos negros, às prostitutas, aos homossexuais, aos desolados e aos mal-amados.
Este texto jomardiano apresenta um discurso bastante trabalhado cuja filosofia nos mostra um novo horizonte literário a ser desvendado, como pensadores no mundo atual.
A obra é de grande importância literária para todos os gostos e merece ser lida/ouvida com minúcias nos detalhes.
(Resenha Crítica publicada na Revista do Unipê, v.2, n.3, João Pessoa, 19 de Maio de 1998. p.108-110)