3- Paralelismos entre os romances
Usina (The Sugar Refinery) e Tess of the d’Ubervilles.
Ao contrário do primeiro romance de José Lins Menino de Engenho (1932), que deu início ao “Ciclo da Cana-de-Açúcar”, este último Usina (1936) encerra este momento da literatura nordestina, onde JUREMA (1980, p. 199)enfatiza de maneira simples, porém, com esmero na construção de sua definição de romance:
O romance nos
mostra toda a força econômica da cana-de-açúcar. Ela, somente ela, é que faz
aquele povo todo viver, pensar, se movimentar, acreditar em Deus, tornar-se
fanático, rebelado, heróico, pacífico, humilde, bom, trapaceador, faminto. É o
preço do açúcar dominando tudo. A gente vê que quanto mais se fortifica a
economia rural dos canaviais mais o povo se aperta, mais a miséria entra, nas
taperas, desalojando a gente da várzea e empurrando-as para as caatingas onde
não pode plantar sua roça nem cavar cacimbas para matar a sede.
De
acordo com a definição de JUREMA, concluímos que com a chegada de
industrialização tudo sofre mudanças e uma grande insegurança tomou conta dos
moradores da casa-grande e da senzala em relação aos novos trabalhadores e
também ao perigo que as máquinas representavam.
Que não queria
metido na usina, que aquilo era um perigo. Ela sentia que era perigoso estarem
os meninos metidos pela fábrica. Aquela maquinaria não tinha nada de mansidão
dos bangüês. Juca estava com toda a razão. Então se alarmava com os filhos. E
depois o povo era outro. Ninguém nem sabia donde viera aquela gente toda. Os
filhos se podiam perder, ficando naquele convívio. Preocupava-se. (p.76)
Como
ocorreu em outros romances já estudados em capítulos anteriores, José Lins fez
uso nesse romance Usina (1936) de uma
intertextualidade com relação ao escritor inglês Thomas Hardy (1840-1928) em
seu romance Tess d’Ubervilles (1891),
quando sua personagem-título do romance, Tess, é protagonista da vinda da
industrialização rural, uma crítica negativa que HARDY fez à Revolução
Industrial ocorrida na Inglaterra no final do século XVIII e início do século
XIX. Tanto quanto HARDY, José Lins mostrou-se bastante consciente pelas
mudanças causadas por esta Revolução Industrial. Então, José Lins sob
influência de HARDY, utilizou em Usina
(1936) muitos tipos humanos vinculados a este processo de industrialização a
fim de apresentar uma análise
contrastiva de seus personagens e lugares. Será apresentada durante toda esta
análise, a descrição de José Lins sobre a descrição de José Lins sobre a
caracterização dos personagens, ambientes e lugares, de uma forma intertextual
bastante precisa; de fato, José Lins mostrou em cada situação desse romance Usina (1936), visões irônicas de um
desenvolvimento crescente de sua época. Ele retratou, com sabedoria, a
transição de um trabalho manual para o industrial, a presença do maquinário e a
influência dessa industrialização nas pessoas e em seus ambientes de trabalho.
CARLOS
DE MELO
|
DR.
JUCA
|
Maria
Alice
|
Dona
Dondon
|
Engenho
Santa Rosa
|
Usina
Bom Jesus
|
Sinal
de Felicidade
|
Sinal
de riqueza
|
Observamos,
claramente, que o principal objetivo de José Lins é simbolizar a realidade pelo
uso dos lugares, das pessoas e do maquinário para indicar a revolução que
aconteceu em sua época, com a sua gente e na sua terra nordestina.
Análise
contrastiva e intertextual dos personagens:
TESS
d’UBERVILLES (1891)
|
USINA (1936)
|
Tess
|
Tio
Juca
|
Representa
a ruína do trabalho manual e agrícola
|
Ambicioso
(p.61)
(Ambição
desmedida)
|
Morte
dos sonhos humanos
|
Idéia
de montar a usina
|
Decadência
da Família Tradicional
|
Dominador
(usurpador e cheio de soberba (p.223)
|
Foi
estuprada – tem um menino chamado Sorrow
|
Orgulhoso
pelo poder da usina
|
Passiva
- Submissiva
|
Decadência
da Paz na Família
|
Seu
caráter define, na verdade, uma verdadeira mulher vitoriana, se ela não
tivesse quebrado as leis social e moral
|
Clarinda
– Símbolo da prostituição do Dr. Juca (p.105)
|
HARDY
mostra que Tess apresenta uma dupla personalidade, cheia de contradições e
controvérsias como todos os vitorianos: aparentemente boa, essencialmente má
|
Perda
do respeito pelo excesso de abusos (p.223)
|
Decadência
moral e financeira (p.261), fracasso (p275) e doença (p.287)
|
|
Seu
caráter dominador define um verdadeiro dono de usina, mas, a soberba e a
indecência do seu comportamento traduzem a perda e a garantia de um futuro
partilhado e compartilhado pelos seus
|
|
José
Lins apresenta em Dr. Juca, como o poder material pode corromper a boa
natureza do ser humano, transformando-o em um rei destronado, um ex-soberano
da Bom Jesus (p.330)
|
De
acordo com a simbologia usada por Hardy, é fácil observar que Tess, como um
personagem feminino, significa o que é velho, ultrapassado e sujeito a mudanças
radicais. O que poderíamos
chamar de velho e ultrapassado? BROWN (1975, p. 159) declara que “for Tess is
not only the purê woman, the ballad heroine, the country girl: she is the
agricultural community in its momento of ruin”. (Tess não é somente uma
mulher pura, a canção da heroína, a garota do campo: ela é a comunidade
agrícola no seu momento de decadência).[1]
ZONA
RURAL
|
TESS
|
MÁQUINA
DEBULHADORA
|
ALVAREZ
(1978, p. 13-14) menciona que:
In a way, the tragedy of Tess, ‘a
pure woman’, is also the tragedy of the old, ‘pure’ Wessex from which she
comes. Both are corrupted and betrayed by the modern world in its various
aspects: Tess by Alec’s parvenu hunger and Angel’s narrow, icy enlightenment,
the countryside and its customs by the relentless encroachment of the new
society with its railways, its indifference, its new rich families taking over
old names and building their hideous new mansions, its gradual
industrialization of the old methods of agriculture, typefied by the demonic
threshing machine on which Tess is tortured.
(De certa
forma, a tragédia de Tess, ‘uma mulher pura’, é também a tragédia da velha
‘pura’ Wessex da qual ela veio. Ambas são corrompidas e traídas pelo mundo
moderno em seus vários aspectos: Tess pela ânsia de Alec e pela reduzida e
indiferente informação de Angel; o campo e seus costumes pela implacável
invasão da nova sociedade com suas ferrovias, sua indiferença, as novas
famílias ricas, sucedendo as velhas e construindo suas repugnantes novas
mansões, sua gradual industrialização dos velhos métodos agrícolas,
representado pela diabólica máquina debulhadora na qual Tess é atormentada).[2]
TESS
|
DR.
JUCA
|
Mentiras
de Alec
|
Posse
do Engenho Santa Rosa
|
Abandono
de Angel
|
Decadência
do Sr. Carlos de Melo
|
Perda
da Castidade
|
Domínio
do Poder
|
WESSEX
|
USINA
BOM JESUS
|
Estrada
de Ferro
|
Estrada
de Ferro
|
Máquina
Debulhadora
|
Máquina
Moedora da Cana-de-Açúcar
|
Mansões
|
Mudanças
na Casa Grande
|
Vários
autores foram citados e, assim, tentamos definir a própria indignação de José
Lins em relação ao futuro, o qual significou para ele a destruição da família,
prevalecendo a negação dos valores humanos, da própria comunidade familiar
símbolo de amor e união, e a consequente expansão do liberalismo, e, acima de
tudo a riqueza das pessoas cuja religião passou a ser o ganho de dinheiro e a
ascensão dentro da tradição social.
José
Lins a bons exemplos que mostram a sua ironia em relação à presença da industrialização,
cujo ponto de partida é a covardia de Carlos de Melo que,
[...] deixou o
Santa Rosa, fugindo dos pavores que o atormentavam, entregando o seu patrimônio
aos parentes, o velho engenho se transformara de alto a baixo. A família queria
uma usina, alcançar o progresso, igualar-se com outras, que haviam subido de
condição com as turbinas à vácuo. (p. 61)
Assim,
aproveitando-se dessa fraqueza humana do Carlos de Melo, o Dr. Juca, ou melhor,
o tio Juca, apropriou-se deste engenho do Santa Rosa, e assim, José Lins dando
ênfase ao setor agrário descreve o porque de tanto interesse do tio Juca pelo
engenho Santa Rosa:
A usina Bom
Jesus nasceu dessa fraqueza, da luta entre a São Félix gananciosa e a família
do velho José Paulino, querendo resistir à invasão que vinha de fora. O Dr. Juca
sonhava com o poder, com o despotismo que esteira de usina impunha. E o Santa
Rosa fora escolhido para sede da fábrica pelas suas condições naturais. Com a
compra de mais outras propriedades a usina ficaria em situação privilegiada.
Várzeas extensas e água com fartura era tudo para o destino que o Dr. Juca
queria dar ao velho domínio do pai. E depois, a situação topográfica do engenho
era ótima, sobretudo pela proximidade da estrada de ferro e a vizinhança de
outros engenhos. Era bem o Santa Rosa o centro de zona capaz de fornecer cana
para a grande fábrica. (p. 62)
Com
a chegada do progresso houve várias mudanças no tocante aos aspectos humano,
ambiental e físico:
A- No
aspecto humano, José Lins aponta as principais mudanças no convívio da
casa-grande e na dos escravos:
A casa-grande
da usina não podia continuar a ser uma casa-grande de engenho. O dr. Juca
cuidara de dar-lhe uma cara mais
decente. Aquela banca do alpendre de pau bruto, aonde o velho José Paulino dava
as suas audiências, fora substituída, desaparecera para um canto qualquer. Ali
agora brilhava a palha branca de umas cadeiras de vime. E rua, a antiga senzala
dos negros, não podia ficar bem defronte de uma residência de usineiro. Botaram
abaixo. E as negras tiveram que procurar abrigo mais para longe. Avelina,
Luíza, Generosa, Joana Gorda que fossem arranjar os seus teréns lá para o alto.
(p. 63)
Houve
até discriminação entre os trabalhadores do eito com os da usina:
1- Operário vinha de fora, era gente de maior
importância, a quem davam casa de telhas para morar e pagavam uma fortuna. Os
trabalhadores nem podiam acreditar que um sujeito daquele ganhasse seis mil
réis por dia. O pessoal, que morava ao redor da usina, vivia separado do resto,
da grande escravatura lá de fora. Falavam mesmo, com desprezo, dos cabras da
enxada. (p. 153)
2- Operário não recebia vale. Dinheiro para eles
era mesmo dinheiro de verdade. Para o pessoal do eito era o vale que tinha
valor. (p.154)
Mudanças
também no comportamento do Dr. Juca:
1- E o marido não queria mais filho novo dentro de
casa. Choro de menino só mesmo para quem não tinha o que fazer, dizia ele. Juca
estava mudando. (p. 70)
2- O relacionamento do marido estava fazendo as
meninas sofrerem. Por ela não se importava mais. Conformara-se. (p. 98)
3- O Dr. Juca queria o riacho para as suas
máquinas. Gastaria uma fortuna com ele para em breve tê-lo na serventia, às
suas ordens, como um prisioneiro submisso e útil. (p.91)
Observamos até
que ponto a ambição de um ser humano pode causar danos, não somente ao seu
semelhante, mas, também a todo um processo de crescimento cuja interação homem
x meio-ambiente é de vital importância.
Dr. Juca, em
Usina (1936) representa uma moenda que destrói o lado bom das coisas: o rio
Paraíba, o cultivo das espécies agrícolas com exceção da cana-de-açúcar, quanto
às pessoas ele destrói casas, desmoraliza o próprio trabalhador do eito,
inferiorizando-o. José Lins foi perfeito
no uso de símbolos para com os seus personagens.
B- Quanto
ao aspecto ambiental, percebemos que até a natureza negava-se a produzir e
refletia o seu sofrimento através do feio e sem fertilidade:
Ali no Santa rosa, ainda tentou fazer alguma coisa. Mas a
vida era diferente. Procurava mesmo fazer um jardim. Plantar uns crótons pela
porta da casa-grande. Só encontrara mesmo aquele pé de jasmim, que dava para o
seu quarto. Só o jasmineiro resistira â desgraça que passa pelo Santa Rosa.
(p.68)
A
natureza será vista com mudanças positivas de transformação no final do
romance:
Um sol de junho
caía pelas terras da Bom Jesus. As estacas da estrada com as trepadeiras. As
cajazeiras, que com aquele inverno haviam crescido os seus galhos, cortados
para que não dessem sombra aos partidos. Bandos de periquitos gritavam. Uma
alegria imensa enchia a terra. (p. 330)
C- Outro
ponto importante é a mudança no espaço físico, quando da comparação da usina
com os banguês:
Que não queria
meninos metidos na usina, que aquilo era um perigo. Ela sentia que era perigoso
estarem os meninos metidos pela fábrica. Aquela maquinaria não tinha nada de
mansidão dos bangüês. (p. 76)
Tipos
de mudanças no aspecto físico:
A
usina, no seu crescimento, era símbolo de poluição e percebemos este desastre
industrial nas descrições do autor José Lins:
1 - Na
água
A) A usina arrasara o Paraíba com a podridão de
suas caldas. O povo cavava cacimba na beira do rio, furava até encontrar água
salobra. E era assim que se defendia da sede, nos meses de seca. A água cortava
sabão, mas sempre servia para se beber. A Bom Jesus agora despejava as suas
imundices pelo leito do rio, sujando tudo, chamando urubu. E quanto mais a
usina crescia, quanto mais que crescesse, teria imundice para despejar. (p.
189)
B) A usina despojara o Paraíba de suas bondades,
mijando aquela calda fedorenta, justamente nos tempos da seca. Transformava
aquele leite branco, enverdecido pelos juncos, pelas salsas, num rego, por onde
corria um fio de lama. (p. 190)
2 - No
ar
A) Da chaminé da usina subiam para o céu nuvens de
fumaça. (p. 129)
B) Aquela chaminé arrogante dominava terras que
trabalhavam para as entranhas de suas máquinas. (p. 165)
3 - Na terra
A) Os filhos andavam pelas estradas, como
vagabundos. Os bichinhos deixavam a caatinga estorricada e desciam para a beira
do rio. O rio era uma podridão e, mesmo assim, nos poços grandes os moleques
mergulhavam na água podre. (p.241)
Com o advento
da industrialização, não só houve mudanças nas pessoas, em termos de conduta,
de crescimento pessoal, como também fatores que trouxeram à tona desajustes de
cunho psicológico por sua apatia em relação ao mundo à sua volta e SOBREIRA
(Ibidem, p.14) o define:
[...] como uma
expressão final desse declínio das pessoas e das coisas, a figura contraditória
e vacilante de Carlos de Melo que se transforma pelas qualidades negativas, num
dos personagens mais vivos e dramáticos da moderna literatura brasileira.
Mas,
se observarmos, José Lins cuida de, simbolicamente, nos mostrar o declínio não
somente do que é passivo, inerte. Segundo SOBREIRA (Ibidem, p. 57-58):
O romance não
cuida propriamente da decadência da usina Bom Jesus e, sim, do caso da família
do Coronel José Paulino, retratado na história do Dr. Juca. A usina passará
para outras mãos, poderá ter outro destino, poderá continuar comendo os
engenhos e banguês, poderá continuar devorando os Ricardos, os Felipes, os
Felicianos, as negras velhas, na engrenagem de sua maquinaria. Não há remédio é
para o antigo usineiro, que o romancista viu, num alto, expulso da terra,
vencido e humilhado como um trabalhador do eito, olhando o rio Paraíba:
Lá embaixo era
um mar que crescia. Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para o alto, com
destino à casa de Amâncio, que era o melhor da redondeza, o povo olhava feito
besta para o carro com o Dr. Juca deitado. O usineiro gemia com as dores que
não duravam a chegar. Maria Augusta passava as mãos pela sua cabeça quase toda
branca.
Era quase de
noite. O sol se ia sem nenhuma cinta vermelha no poente. Tudo cor de chumbo no
céu. A noite chegava. Chovia. E. D. Dondon olhou lá para baixo. Tudo ia se
escurecendo.
Só mesmo, de
muito longe, a lanterna do monumento de Nossa Senhora da Conceição atravessava
o rio e a chuva. Aí o Dr. Juca falou para a mulher, para a filha e as negras:
_ ‘Isso é o
mesmo que pedir esmolas’.
Um exemplo da modernidade que
ainda estava por vir.
Esta
seção parece ser a conclusão da anterior, porque o velho, o que é obsoleto está
sempre sendo substituído por uma visão caracterizada pelo novo e pelo moderno,
que, a princípio, ninguém conhece ou pretende aceitar ou usar. A modernidade
significa mudança, o quebrar das correntes, e, de acordo com CUDDON (1979, p.
399), o modernismo:
Reveals a breaking away from
established rules, traditions and conventions, fresh ways of looking at man’s
position and function in the universe and many (in some cases remarkable)
experiments in form and style.
(Revela uma
quebra das regras estabelecidas, tradições e convenções, novas maneiras de
olhar a posição e a função do homem no
universo e muitas (em alguns casos notáveis) tentativas na forma e no estilo).[3]
José
Lins tende a ser quase que experimental, quebrando as regras e modificando os
métodos tradicionais de se contar estórias, ou auto estórias. Segundo PÓLVORA
(1991, p. 314):
Em Usina
encontram-se, porém, alguns dos grandes lances narrativos de José Lins do Rego,
seus modismos de construção literária, que seu poder de reproduzir a oralidade,
buscando efeitos literários sem perda da fluência que identificamos
gostosamente nos autênticos contadores de estórias. E simplicidade do romance,
sua estrutura desambiciosa são coisas enganadoras, são mágicas que José Lins do
Rego praticava quase por intuição, como se fosse o herdeiro único de lembranças
acumuladas e lhe bastasse abrir a boca, soltar a palavra.
Uma
maneira estrategicamente diferente de descrever lugares, pessoas e objetos. O
autor estava consciente da importância de seus personagens e lugares. Daí, a
união perfeita dos aspectos físico e ambiental com o aspecto humano que ele
apresenta através dos fatos, eventos e desempenhos dos personagens.
José
Lins situa o homem na terra com todas as propostas de ascensão, e
consequentemente decadência do patriarcalismo nordestino, representados pelas
moendas do Engenho Santa Rosa e pelas máquinas industriais da Usina Bom Jesus;
onde presenciamos as dádivas da natureza e a revolta da mesma quando poluída e
relegada à cobiça do movimento latifundiário em vigência, que separou os vários
tipos humanos, neutralizado a partilha e o compartilhamento dos próprios
valores.
Conclusão:
Este
trabalho nos ofereceu a oportunidade de conhecer e comparar romances
pertencentes ao “Ciclo da Cana-de-Açúcar” de José Lins do Rego. Não é uma
análise comparativa de fácil entendimento, porque o assunto necessita de várias
pesquisas em autores que escreveram ou escrevem sobre o Nordeste, sobre José
Lins do Rego, que segundo CASTELLO (1966, p. 16-46):
É um homem
profundamente identificado com sua terra, o seu povo, a sua região e por
extensão o seu país e a humanidade.
Esta
afirmação nos inspirou a desenvolver este tema, que tanto quanto conhecemos a
esse respeito, é de cunho totalmente original, ou seja, nunca foi antes
apresentado em relação aos romances de José Lins do Rego, que com certeza
alcançou sua objetividade. Não fazendo uso de terminologias difíceis e confusas
que, muitas vezes, ofuscam o nosso entendimento.
Em
acréscimo, gostaríamos de chamar a atenção do leitor para a importância da
intertextualidade como um meio simples e comum de estudar o antagonismo de
vários romances que refletem diferentes tipos de experiência e época.
Esta pesquisa
sobre a intertextualidade é uma tentativa de preparar a aplicação deste estudo no ensino tanto quanto na
compreensão literária de acordo com o nível dos alunos. Não é uma tarefa fácil,
mas chama a nossa atenção para o problema do relacionamento entre literatura e
linguística. Uma completa a outra. A intertextualidade nos permite comparar os
conceitos e as explicações de estudiosos nos seus campos de pesquisas. Eles são
muito subjetivos. Na literatura, os autores apresentam a intertextualidade de
uma forma mais detalhada e prática. As diferenças peculiares entre os teóricos
e os autores, nos dizem o quanto contemporâneo é o uso do termo. A pesquisa está baseada nas teorias
linguísticas do Prof. Affonso Romano de SANT’ANNA que é bastante didático na
aplicação do termo intertextualidade. Para ele o conhecimento deve ser gradual,
mas constante.
José
Lins do Rego apresenta a liberdade necessária para revelar as verdadeiras
emoções e desempenho dos seus personagens. Ele faz críticas e demonstra a sua
ironia quanto ao orgulho, à ambição, à repressão. Intertextualizando HARDY,
LAWRENCE E TWAIN, José Lins apresenta de um lado a sua rebelião a favor do
idealismo revolucionário e do outro, um mundo cheio de medo com sua crueldade
moral e a sua injustiça social.
Tomando
os romances de HARDY, LAWRENCE e TWAIN como base, José Lins apresenta um estudo
documental de abusos sociais e complexidades pessoais, e é também uma percepção
lírica dos valores humanos sobre o que ele entende de ser um mundo paradoxo no
qual HARDY, LAWRENCE e TWAIN viveram.
Como
uma conclusão geral, nós acrescentamos que uma pesquisa recente sobre o uso da
intertextualidade mostrou-nos que a intertextualidade é um elemento importante
no estudo de qualquer trabalho literário ou linguístico e que os professores
têm um papel relevante neste campo.
INTERTEXTUALIDADE
PROFESSORES
|
ALUNOS
|
- Aperfeiçoamento
- Habilidade
- Currículo
eficiente
-
Iniciativa
|
- Conhecimento prévio
- Boa
orientação
-
Motivação
|
Finalmente,
esperamos que esta pesquisa sirva como um roteiro para professores e alunos em
cursos de língua/literatura portuguesa e língua/literatura inglesa, a fim de
que o papel desempenhado pela intertextualidade possa ser bem mais apreciado.
A
intertextualidade significa uma nova descoberta, um mundo de contradições, mas
também de pontos de vista semelhantes. Toda investigação deve trazer-nos
momentos de iluminação perceptiva positiva.
Referências Bibliográficas:
ALVAREZ, A. Introduction to Tess of the d'Ubervilles. In: HARDY, Thomas. Tess of the d'Ubervilles. Hardmonsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1978. 553p.
BROWN, Douglas. A novel of character and environment. In: R. P. Drapper Ed. Thomas Hardy: the tragic novels. London: Macmillan, 1975. 375p.
CASTELLO, José Aderaldo. Memória e regionalismo. In: Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.
CUDDON, J. A. A dictionary of literary terms. Hardmondsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1979. 761p.
HARDY, Thomas. Tess of the d'Ubervilles. Hardmonsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1978. 553p.
JUREMA, Aderbal. O romancista da cana-de-açúcar. In: MARTINS, Eduardo. José Lins do Rego - O homem e a obra. João Pessoa^: A União Cia Editora, 1980. 425p.
PÓLVORA, Hélio. Permanência de Usina: In: COUTINHO, Eduardo F. et alii. José Lins do Rego. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. 474p.
REGO, José Lins do. Usina. 4ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. 338p.
SANT'ANNA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 3ed. São Paulo: Ática, 1988. 96p.
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