Revista do NEFILLI

Núcleo de Estudos Filológicos, Lingüísticos e Literários – NEFILLI

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CONTO E ENCANTO

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uma Análise da Intertextualidade em José Lins do Rego nos Romances do “Ciclo da Cana-de-Açúcar” (Parte III)


3- Paralelismos entre os romances Usina (The Sugar Refinery) e Tess of the d’Ubervilles.

                
                 Ao contrário do primeiro romance de José Lins Menino de Engenho (1932), que deu início ao “Ciclo da Cana-de-Açúcar”, este último Usina (1936) encerra este momento da literatura nordestina, onde JUREMA (1980, p. 199)enfatiza de maneira simples, porém, com esmero na construção de sua definição de romance:

O romance nos mostra toda a força econômica da cana-de-açúcar. Ela, somente ela, é que faz aquele povo todo viver, pensar, se movimentar, acreditar em Deus, tornar-se fanático, rebelado, heróico, pacífico, humilde, bom, trapaceador, faminto. É o preço do açúcar dominando tudo. A gente vê que quanto mais se fortifica a economia rural dos canaviais mais o povo se aperta, mais a miséria entra, nas taperas, desalojando a gente da várzea e empurrando-as para as caatingas onde não pode plantar sua roça nem cavar cacimbas para matar a sede.

                De acordo com a definição de JUREMA, concluímos que com a chegada de industrialização tudo sofre mudanças e uma grande insegurança tomou conta dos moradores da casa-grande e da senzala em relação aos novos trabalhadores e também ao perigo que as máquinas representavam.

Que não queria metido na usina, que aquilo era um perigo. Ela sentia que era perigoso estarem os meninos metidos pela fábrica. Aquela maquinaria não tinha nada de mansidão dos bangüês. Juca estava com toda a razão. Então se alarmava com os filhos. E depois o povo era outro. Ninguém nem sabia donde viera aquela gente toda. Os filhos se podiam perder, ficando naquele convívio. Preocupava-se.  (p.76)

                Como ocorreu em outros romances já estudados em capítulos anteriores, José Lins fez uso nesse romance Usina (1936) de uma intertextualidade com relação ao escritor inglês Thomas Hardy (1840-1928) em seu romance Tess d’Ubervilles (1891), quando sua personagem-título do romance, Tess, é protagonista da vinda da industrialização rural, uma crítica negativa que HARDY fez à Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra no final do século XVIII e início do século XIX. Tanto quanto HARDY, José Lins mostrou-se bastante consciente pelas mudanças causadas por esta Revolução Industrial. Então, José Lins sob influência de HARDY, utilizou em Usina (1936) muitos tipos humanos vinculados a este processo de industrialização a fim de  apresentar uma análise contrastiva de seus personagens e lugares. Será apresentada durante toda esta análise, a descrição de José Lins sobre a descrição de José Lins sobre a caracterização dos personagens, ambientes e lugares, de uma forma intertextual bastante precisa; de fato, José Lins mostrou em cada situação desse romance Usina (1936), visões irônicas de um desenvolvimento crescente de sua época. Ele retratou, com sabedoria, a transição de um trabalho manual para o industrial, a presença do maquinário e a influência dessa industrialização nas pessoas e em seus ambientes de trabalho.

CARLOS DE MELO

DR. JUCA
Maria Alice
Dona Dondon
Engenho Santa Rosa
Usina Bom Jesus
Sinal de Felicidade
Sinal de riqueza


Observamos, claramente, que o principal objetivo de José Lins é simbolizar a realidade pelo uso dos lugares, das pessoas e do maquinário para indicar a revolução que aconteceu em sua época, com a sua gente e na sua terra nordestina.

Análise contrastiva e intertextual dos personagens:


TESS d’UBERVILLES (1891)
USINA (1936)

Tess
Tio Juca
Representa a ruína do trabalho manual e agrícola
Ambicioso (p.61)
(Ambição desmedida)
Morte dos sonhos humanos
Idéia de montar a usina
Decadência da Família Tradicional
Dominador (usurpador e cheio de soberba (p.223)
Foi estuprada – tem um menino chamado Sorrow
Orgulhoso pelo poder da usina
Passiva - Submissiva
Decadência da Paz na Família
Seu caráter define, na verdade, uma verdadeira mulher vitoriana, se ela não tivesse quebrado as leis social e moral
Clarinda – Símbolo da prostituição do Dr. Juca (p.105)
HARDY mostra que Tess apresenta uma dupla personalidade, cheia de contradições e controvérsias como todos os vitorianos: aparentemente boa, essencialmente má
Perda do respeito pelo excesso de abusos (p.223)

Decadência moral e financeira (p.261), fracasso (p275) e doença (p.287)

Seu caráter dominador define um verdadeiro dono de usina, mas, a soberba e a indecência do seu comportamento traduzem a perda e a garantia de um futuro partilhado e compartilhado pelos seus

José Lins apresenta em Dr. Juca, como o poder material pode corromper a boa natureza do ser humano, transformando-o em um rei destronado, um ex-soberano da Bom Jesus (p.330)

                De acordo com a simbologia usada por Hardy, é fácil observar que Tess, como um personagem feminino, significa o que é velho, ultrapassado e sujeito a mudanças radicais. O que poderíamos chamar de velho e ultrapassado? BROWN (1975, p. 159) declara que “for Tess is not only the purê woman, the ballad heroine, the country girl: she is the agricultural community in its momento of ruin”. (Tess não é somente uma mulher pura, a canção da heroína, a garota do campo: ela é a comunidade agrícola no seu momento de decadência).[1]


ZONA RURAL
TESS
MÁQUINA DEBULHADORA


                ALVAREZ (1978, p. 13-14) menciona que:

In a way, the tragedy of Tess, ‘a pure woman’, is also the tragedy of the old, ‘pure’ Wessex from which she comes. Both are corrupted and betrayed by the modern world in its various aspects: Tess by Alec’s parvenu hunger and Angel’s narrow, icy enlightenment, the countryside and its customs by the relentless encroachment of the new society with its railways, its indifference, its new rich families taking over old names and building their hideous new mansions, its gradual industrialization of the old methods of agriculture, typefied by the demonic threshing machine on which Tess is tortured.
(De certa forma, a tragédia de Tess, ‘uma mulher pura’, é também a tragédia da velha ‘pura’ Wessex da qual ela veio. Ambas são corrompidas e traídas pelo mundo moderno em seus vários aspectos: Tess pela ânsia de Alec e pela reduzida e indiferente informação de Angel; o campo e seus costumes pela implacável invasão da nova sociedade com suas ferrovias, sua indiferença, as novas famílias ricas, sucedendo as velhas e construindo suas repugnantes novas mansões, sua gradual industrialização dos velhos métodos agrícolas, representado pela diabólica máquina debulhadora na qual Tess é atormentada).[2]


TESS
DR. JUCA
Mentiras de Alec
Posse do Engenho Santa Rosa
Abandono de Angel
Decadência do Sr. Carlos de Melo
Perda da Castidade
Domínio do Poder

WESSEX
USINA BOM JESUS
Estrada de Ferro
Estrada de Ferro
Máquina Debulhadora
Máquina Moedora da Cana-de-Açúcar
Mansões
Mudanças na Casa Grande
               

            Vários autores foram citados e, assim, tentamos definir a própria indignação de José Lins em relação ao futuro, o qual significou para ele a destruição da família, prevalecendo a negação dos valores humanos, da própria comunidade familiar símbolo de amor e união, e a consequente expansão do liberalismo, e, acima de tudo a riqueza das pessoas cuja religião passou a ser o ganho de dinheiro e a ascensão dentro da tradição social.
                José Lins a bons exemplos que mostram a sua ironia em relação à presença da industrialização, cujo ponto de partida é a covardia de Carlos de Melo que,

[...] deixou o Santa Rosa, fugindo dos pavores que o atormentavam, entregando o seu patrimônio aos parentes, o velho engenho se transformara de alto a baixo. A família queria uma usina, alcançar o progresso, igualar-se com outras, que haviam subido de condição com as turbinas à vácuo. (p. 61)

                Assim, aproveitando-se dessa fraqueza humana do Carlos de Melo, o Dr. Juca, ou melhor, o tio Juca, apropriou-se deste engenho do Santa Rosa, e assim, José Lins dando ênfase ao setor agrário descreve o porque de tanto interesse do tio Juca pelo engenho Santa Rosa:

A usina Bom Jesus nasceu dessa fraqueza, da luta entre a São Félix gananciosa e a família do velho José Paulino, querendo resistir à invasão que vinha de fora. O Dr. Juca sonhava com o poder, com o despotismo que esteira de usina impunha. E o Santa Rosa fora escolhido para sede da fábrica pelas suas condições naturais. Com a compra de mais outras propriedades a usina ficaria em situação privilegiada. Várzeas extensas e água com fartura era tudo para o destino que o Dr. Juca queria dar ao velho domínio do pai. E depois, a situação topográfica do engenho era ótima, sobretudo pela proximidade da estrada de ferro e a vizinhança de outros engenhos. Era bem o Santa Rosa o centro de zona capaz de fornecer cana para a grande fábrica. (p. 62)

                Com a chegada do progresso houve várias mudanças no tocante aos aspectos humano, ambiental e físico:

   A-  No aspecto humano, José Lins aponta as principais mudanças no convívio da casa-grande e na dos escravos:
A casa-grande da usina não podia continuar a ser uma casa-grande de engenho. O dr. Juca cuidara de dar-lhe  uma cara mais decente. Aquela banca do alpendre de pau bruto, aonde o velho José Paulino dava as suas audiências, fora substituída, desaparecera para um canto qualquer. Ali agora brilhava a palha branca de umas cadeiras de vime. E rua, a antiga senzala dos negros, não podia ficar bem defronte de uma residência de usineiro. Botaram abaixo. E as negras tiveram que procurar abrigo mais para longe. Avelina, Luíza, Generosa, Joana Gorda que fossem arranjar os seus teréns lá para o alto. (p. 63)

                Houve até discriminação entre os trabalhadores do eito com os da usina:

1- Operário vinha de fora, era gente de maior importância, a quem davam casa de telhas para morar e pagavam uma fortuna. Os trabalhadores nem podiam acreditar que um sujeito daquele ganhasse seis mil réis por dia. O pessoal, que morava ao redor da usina, vivia separado do resto, da grande escravatura lá de fora. Falavam mesmo, com desprezo, dos cabras da enxada. (p. 153)

2- Operário não recebia vale. Dinheiro para eles era mesmo dinheiro de verdade. Para o pessoal do eito era o vale que tinha valor. (p.154)

Mudanças também no comportamento do Dr. Juca:

1- E o marido não queria mais filho novo dentro de casa. Choro de menino só mesmo para quem não tinha o que fazer, dizia ele. Juca estava mudando. (p. 70)

2- O relacionamento do marido estava fazendo as meninas sofrerem. Por ela não se importava mais. Conformara-se. (p. 98)

3- O Dr. Juca queria o riacho para as suas máquinas. Gastaria uma fortuna com ele para em breve tê-lo na serventia, às suas ordens, como um prisioneiro submisso e útil. (p.91)

Observamos até que ponto a ambição de um ser humano pode causar danos, não somente ao seu semelhante, mas, também a todo um processo de crescimento cuja interação homem x meio-ambiente é de vital importância.
Dr. Juca, em Usina (1936) representa uma moenda que destrói o lado bom das coisas: o rio Paraíba, o cultivo das espécies agrícolas com exceção da cana-de-açúcar, quanto às pessoas ele destrói casas, desmoraliza o próprio trabalhador do eito, inferiorizando-o. José Lins  foi perfeito no uso de símbolos para com os seus personagens.
  

      B- Quanto ao aspecto ambiental, percebemos que até a natureza negava-se a produzir e refletia o seu sofrimento através do feio e sem fertilidade:

Ali no Santa rosa, ainda tentou fazer alguma coisa. Mas a vida era diferente. Procurava mesmo fazer um jardim. Plantar uns crótons pela porta da casa-grande. Só encontrara mesmo aquele pé de jasmim, que dava para o seu quarto. Só o jasmineiro resistira â desgraça que passa pelo Santa Rosa. (p.68)

                A natureza será vista com mudanças positivas de transformação no final do romance:

Um sol de junho caía pelas terras da Bom Jesus. As estacas da estrada com as trepadeiras. As cajazeiras, que com aquele inverno haviam crescido os seus galhos, cortados para que não dessem sombra aos partidos. Bandos de periquitos gritavam. Uma alegria imensa enchia a terra. (p. 330)

     C-   Outro ponto importante é a mudança no espaço físico, quando da comparação da usina com os banguês:

Que não queria meninos metidos na usina, que aquilo era um perigo. Ela sentia que era perigoso estarem os meninos metidos pela fábrica. Aquela maquinaria não tinha nada de mansidão dos bangüês. (p. 76)

                Tipos de mudanças no aspecto físico:    

                A usina, no seu crescimento, era símbolo de poluição e percebemos este desastre industrial nas descrições do autor José Lins:

1    -  Na água
A) A usina arrasara o Paraíba com a podridão de suas caldas. O povo cavava cacimba na beira do rio, furava até encontrar água salobra. E era assim que se defendia da sede, nos meses de seca. A água cortava sabão, mas sempre servia para se beber. A Bom Jesus agora despejava as suas imundices pelo leito do rio, sujando tudo, chamando urubu. E quanto mais a usina crescia, quanto mais que crescesse, teria imundice para despejar. (p. 189)

B) A usina despojara o Paraíba de suas bondades, mijando aquela calda fedorenta, justamente nos tempos da seca. Transformava aquele leite branco, enverdecido pelos juncos, pelas salsas, num rego, por onde corria um fio de lama. (p. 190)


2     -  No ar

A)  Da chaminé da usina subiam para o céu nuvens de fumaça. (p. 129)

B) Aquela chaminé arrogante dominava terras que trabalhavam para as entranhas de suas máquinas. (p. 165)

3     -  Na terra

A) Os filhos andavam pelas estradas, como vagabundos. Os bichinhos deixavam a caatinga estorricada e desciam para a beira do rio. O rio era uma podridão e, mesmo assim, nos poços grandes os moleques mergulhavam na água podre. (p.241)

Com o advento da industrialização, não só houve mudanças nas pessoas, em termos de conduta, de crescimento pessoal, como também fatores que trouxeram à tona desajustes de cunho psicológico por sua apatia em relação ao mundo à sua volta e SOBREIRA (Ibidem, p.14) o define:

[...] como uma expressão final desse declínio das pessoas e das coisas, a figura contraditória e vacilante de Carlos de Melo que se transforma pelas qualidades negativas, num dos personagens mais vivos e dramáticos da moderna literatura brasileira.

                Mas, se observarmos, José Lins cuida de, simbolicamente, nos mostrar o declínio não somente do que é passivo, inerte. Segundo SOBREIRA (Ibidem, p. 57-58):

O romance não cuida propriamente da decadência da usina Bom Jesus e, sim, do caso da família do Coronel José Paulino, retratado na história do Dr. Juca. A usina passará para outras mãos, poderá ter outro destino, poderá continuar comendo os engenhos e banguês, poderá continuar devorando os Ricardos, os Felipes, os Felicianos, as negras velhas, na engrenagem de sua maquinaria. Não há remédio é para o antigo usineiro, que o romancista viu, num alto, expulso da terra, vencido e humilhado como um trabalhador do eito, olhando o rio Paraíba:
Lá embaixo era um mar que crescia. Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para o alto, com destino à casa de Amâncio, que era o melhor da redondeza, o povo olhava feito besta para o carro com o Dr. Juca deitado. O usineiro gemia com as dores que não duravam a chegar. Maria Augusta passava as mãos pela sua cabeça quase toda branca.
Era quase de noite. O sol se ia sem nenhuma cinta vermelha no poente. Tudo cor de chumbo no céu. A noite chegava. Chovia. E. D. Dondon olhou lá para baixo. Tudo ia se escurecendo.
Só mesmo, de muito longe, a lanterna do monumento de Nossa Senhora da Conceição atravessava o rio e a chuva. Aí o Dr. Juca falou para a mulher, para a filha e as negras:
_ ‘Isso é o mesmo que pedir esmolas’.

Um exemplo da modernidade que ainda estava por vir.

                Esta seção parece ser a conclusão da anterior, porque o velho, o que é obsoleto está sempre sendo substituído por uma visão caracterizada pelo novo e pelo moderno, que, a princípio, ninguém conhece ou pretende aceitar ou usar. A modernidade significa mudança, o quebrar das correntes, e, de acordo com CUDDON (1979, p. 399), o modernismo:
Reveals a breaking away from established rules, traditions and conventions, fresh ways of looking at man’s position and function in the universe and many (in some cases remarkable) experiments in form and style.
(Revela uma quebra das regras estabelecidas, tradições e convenções, novas maneiras de olhar a posição  e a função do homem no universo e muitas (em alguns casos notáveis) tentativas na forma e no estilo).[3]

                José Lins tende a ser quase que experimental, quebrando as regras e modificando os métodos tradicionais de se contar estórias, ou auto estórias. Segundo PÓLVORA (1991, p. 314):

Em Usina encontram-se, porém, alguns dos grandes lances narrativos de José Lins do Rego, seus modismos de construção literária, que seu poder de reproduzir a oralidade, buscando efeitos literários sem perda da fluência que identificamos gostosamente nos autênticos contadores de estórias. E simplicidade do romance, sua estrutura desambiciosa são coisas enganadoras, são mágicas que José Lins do Rego praticava quase por intuição, como se fosse o herdeiro único de lembranças acumuladas e lhe bastasse abrir a boca, soltar a palavra.

                Uma maneira estrategicamente diferente de descrever lugares, pessoas e objetos. O autor estava consciente da importância de seus personagens e lugares. Daí, a união perfeita dos aspectos físico e ambiental com o aspecto humano que ele apresenta através dos fatos, eventos e desempenhos dos personagens.
                José Lins situa o homem na terra com todas as propostas de ascensão, e consequentemente decadência do patriarcalismo nordestino, representados pelas moendas do Engenho Santa Rosa e pelas máquinas industriais da Usina Bom Jesus; onde presenciamos as dádivas da natureza e a revolta da mesma quando poluída e relegada à cobiça do movimento latifundiário em vigência, que separou os vários tipos humanos, neutralizado a partilha e o compartilhamento dos próprios valores.

Conclusão:

                Este trabalho nos ofereceu a oportunidade de conhecer e comparar romances pertencentes ao “Ciclo da Cana-de-Açúcar” de José Lins do Rego. Não é uma análise comparativa de fácil entendimento, porque o assunto necessita de várias pesquisas em autores que escreveram ou escrevem sobre o Nordeste, sobre José Lins do Rego, que segundo CASTELLO (1966, p. 16-46):

É um homem profundamente identificado com sua terra, o seu povo, a sua região e por extensão o seu país e a humanidade.

                Esta afirmação nos inspirou a desenvolver este tema, que tanto quanto conhecemos a esse respeito, é de cunho totalmente original, ou seja, nunca foi antes apresentado em relação aos romances de José Lins do Rego, que com certeza alcançou sua objetividade. Não fazendo uso de terminologias difíceis e confusas que, muitas vezes, ofuscam o nosso entendimento.
                Em acréscimo, gostaríamos de chamar a atenção do leitor para a importância da intertextualidade como um meio simples e comum de estudar o antagonismo de vários romances que refletem diferentes tipos de experiência e época.
Esta pesquisa sobre a intertextualidade é uma tentativa de preparar a aplicação  deste estudo no ensino tanto quanto na compreensão literária de acordo com o nível dos alunos. Não é uma tarefa fácil, mas chama a nossa atenção para o problema do relacionamento entre literatura e linguística. Uma completa a outra. A intertextualidade nos permite comparar os conceitos e as explicações de estudiosos nos seus campos de pesquisas. Eles são muito subjetivos. Na literatura, os autores apresentam a intertextualidade de uma forma mais detalhada e prática. As diferenças peculiares entre os teóricos e os autores, nos dizem o quanto contemporâneo é o uso do termo.  A pesquisa está baseada nas teorias linguísticas do Prof. Affonso Romano de SANT’ANNA que é bastante didático na aplicação do termo intertextualidade. Para ele o conhecimento deve ser gradual, mas constante.
                José Lins do Rego apresenta a liberdade necessária para revelar as verdadeiras emoções e desempenho dos seus personagens. Ele faz críticas e demonstra a sua ironia quanto ao orgulho, à ambição, à repressão. Intertextualizando HARDY, LAWRENCE E TWAIN, José Lins apresenta de um lado a sua rebelião a favor do idealismo revolucionário e do outro, um mundo cheio de medo com sua crueldade moral e a sua injustiça social.
                Tomando os romances de HARDY, LAWRENCE e TWAIN como base, José Lins apresenta um estudo documental de abusos sociais e complexidades pessoais, e é também uma percepção lírica dos valores humanos sobre o que ele entende de ser um mundo paradoxo no qual HARDY, LAWRENCE e TWAIN viveram.
                Como uma conclusão geral, nós acrescentamos que uma pesquisa recente sobre o uso da intertextualidade mostrou-nos que a intertextualidade é um elemento importante no estudo de qualquer trabalho literário ou linguístico e que os professores têm um papel relevante neste campo.

                       INTERTEXTUALIDADE

PROFESSORES
ALUNOS
- Aperfeiçoamento
- Habilidade
- Currículo eficiente
- Iniciativa
- Conhecimento prévio
- Boa orientação
- Motivação


                Finalmente, esperamos que esta pesquisa sirva como um roteiro para professores e alunos em cursos de língua/literatura portuguesa e língua/literatura inglesa, a fim de que o papel desempenhado pela intertextualidade possa ser bem mais apreciado.
                A intertextualidade significa uma nova descoberta, um mundo de contradições, mas também de pontos de vista semelhantes. Toda investigação deve trazer-nos momentos de iluminação perceptiva positiva.

Referências Bibliográficas:

ALVAREZ, A. Introduction to Tess of the d'Ubervilles. In: HARDY, Thomas. Tess of the d'Ubervilles. Hardmonsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1978.   553p.
BROWN, Douglas. A novel of character and environment. In: R. P. Drapper Ed. Thomas Hardy: the tragic novels. London: Macmillan, 1975.  375p.
CASTELLO, José Aderaldo. Memória e regionalismo. In: Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.
CUDDON, J. A. A dictionary of literary terms. Hardmondsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1979.   761p.
HARDY, Thomas. Tess of the d'Ubervilles. Hardmonsworth, Middlesex, England: Penguin Books, 1978.   553p.
JUREMA, Aderbal. O romancista da cana-de-açúcar. In: MARTINS, Eduardo. José Lins do Rego - O homem e a obra. João Pessoa^: A União Cia Editora, 1980.   425p.
PÓLVORA, Hélio. Permanência de Usina: In: COUTINHO, Eduardo F. et alii. José Lins do Rego. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.   474p. 
REGO, José Lins do. Usina. 4ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.   338p.
SANT'ANNA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 3ed. São Paulo: Ática, 1988.  96p.



[1] A tradução que figura entre parênteses é da responsabilidade da autora da pesquisa.
[2] A tradução que figura entre parênteses é da responsabilidade da autora da pesquisa.
[3] A tradução que figura entre parênteses é da responsabilidade da autora da pesquisa.

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