Revista do NEFILLI

Núcleo de Estudos Filológicos, Lingüísticos e Literários – NEFILLI

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CONTO E ENCANTO

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ARTIGO: A Importância de Ecdótica para a Filologia

Bárbara de Fátima Alves de Oliveira

A necessidade de construir textos autênticos se faz sentir quando um povo de alta civilização toma consciência dessa civilização e deseja preservar dos estragos do tempo as obras que lhe constituem o patrimônio espiritual.
(ERICH AUERBACH)

1 – INTRODUÇÃO.

Segundo Auerbach, a edição crítica do texto é a forma mais autêntica da Filologia., onde ele também a descreve como sendo Edóctica ou Crítica Textual – texto autêntico ou reconstruído. Daí definir-se a Filologia como sendo uma ciência com objeto e método próprio que "busca a verdade dos fatos", e que como ciência inclui a observação (comprova os fatos), a experimentação. O objeto da Filologia é o texto escrito: antigos (literários), modernos (literários e não literários). Assim, o filólogo busca sua verdade nos textos.
A Edóctica é definida como sendo a edição crítica de textos. A edição crítica de textos é uma das formas mais antigas, clássica e porque não dizer a mais autêntica forma de apresentação da Filologia.
Esta necessidade de constituir textos com uma maior autenticidade parte do povo ansioso na preservação da civilização, partiu da época helenística. No século III a.C., esta tradição teve grande importância, principalmente, na constituição dos textos sagrados do Cristianismo. No que se refere aos tempos atuais, a edição de textos surgiu na Renascença , dos séculos XV e XVI.
No século XIV, os escritores Petrarca e Bocaccio, constituíam o tipo de escritor artista, o humanista, assim o movimento propagou-se e o Humanismo europeu atingiu seu apogeu no século XIV. Para que os humanistas chegassem a manifestar-se como os autores da Antiguidade Greco-Latina era necessário possuir os textos de forma autêntica, mas devido às guerras e catástrofes estes haviam desaparecido e a maior parte das cópias estavam nas bibliotecas dos conventos, amiúde e incompletas, às vezes mutiladas e fragmentárias.

2 – ETAPAS DE UMA EDIÇÃO CRÍTICA.
A partir dos humanistas, estabeleceu-se pouco a pouco um método rigoroso de reconstituição. Consiste este método, na técnica de classificação dos manuscritos:
- No passado – copiá-los (exemplo de uma nova fonte de erros).
- No presente – fotografá-los (exemplo de exclusão de erro de inadvertência). Aqui, o filólogo pode fazer a genealogia do manuscrito.
Assim, uma edição crítica completa dá o tal como o editor, com base nas suas pesquisas, julgou ele ter sido escrito pelo autor.A descoberta da imprensa facilitou sobremaneira a tarefa dos autores. A edição de textos não constitui uma tarefa inteiramente independente. Necessita das ciências auxiliares da Filologia. É preciso, antes de tudo, saber ler o texto, pois a maneira de dar forma às letras mudou nas diferentes épocas. Dentre as ciências especiais podemos citar: PALEOGRAFIA – LINGÜÍSTICA – ESTÉTICA – LITERATURA – HISTÓRIA – TEOLOGIA – FILOSOFIA.
A Edição de textos comporta todos os conhecimentos que sua explicação exija, embora na maior parte das vezes seja impossível possuí-los todos; um editor escrupuloso ver-se-á freqüentemente obrigado a aconselhar-se com especialistas A partir da segunda metade do século XIX, começaram a aparecer lingüistas romanizantes, como por exemplo: H. Schuchart, W. Meyer e Lübike. Destacam-se três correntes principais na Lingüística Românica dos últimos cinqüenta anos:
- Ferdinand de Saussure – Escola Genebrina.
- K. Vossler – Escola Idealista.
- Jules Gllierón – corrente que se dedica ao estudo dos dialetos.
A explicação do texto se impôs desde que existe a Filologia.

FILOLOGIA 

TEXTO

FIXAR
Estabelecer, preparar, editar sob o ponto de vista filológico. Fixar é proceder diferente do autor e do editor comercial (= base filológica) 

RESTAURAR
Retirar as dificuldades de interpretação por conta do tempo.

COMENTAR
Explicar o texto – a termos de língua, intertextualidade, idéias, forma (soneto, teoria = influência)
As dificuldades de compreensão podem ser: puramente lingüística; estilo peculiar de emprego de palavras em sentido novo; de construções peremptas, arbitrárias ou artificiais; dificuldades que digam respeito ao conteúdo do texto.
Preparar um texto é preparar uma edição do ponto de vista filológico.

FORMAS:

EDIÇÃO CRÍTICA (texto apurado) EDÓCTICA ou CRÍTICA TEXTUAL
- Restauração
- Fixação
- Comentário: - Variantes - Datas - Letras - Literário

LINGÜÍSTICA

PESQUISAS LITERÁRIAS
- Bibliografia
- Biografia
- Estética
- História

A introdução à textologia, segundo Laufer, está dividida em duas partes:
1. Problemas gerais da Edição de Textos:
- Autoridade.
- Didata.
- Filiação ao texto.
2. Bibliografia e Edição de Textos:
De acordo com Spina, deve-se considerar duas ordens de elementos: substantivos e adjetivos. Os elementos substantivos decorrem diretamente da crítica textual: é o texto apurado e o aparato crítico. Para o texto apurado, há normas gerais e específicas:
Gerais – referem-se a qualquer texto, poético ou em prosa, de tradição manuscrita ou impressa.
Específicas – referem-se a textos de determinada época ou às peculiaridades materiais com que o texto foi conservado na sua tradição – em bom estado ou defeituoso.
Mas, ainda hoje, as edições de textos poéticos dos trovadores galego-portugueses continuam obedecendo a normas estipuladas pelos próprios editores.
Os elementos adjetivos que tornam, o texto inteligível: hermenêutica, exegese e o glossário.
As edições podem ser:
1. Traduzida – é uma adaptação, transposição ou re-interpretação. É um trabalho filológico e o editor recebe o nome de tradutor.
2. Fac-símile – produzem fielmente o texto da edição original. Reproduzem, sobretudo dados de valor documental, de caráter histórico, etc., e se obtêm por meio da fotografia de cada uma das páginas da obra original. Não é um trabalho filológico.
3. Diplomática – é a reprodução tipográfica que, além de dar a versão paleográfica de um texto, acompanha a diagnose externa do documento utilizado. São exemplos de caracteres externos: a matéria scriptoria, o tamanho, a forma, a escrita, ao selo, ao acabamento, a conservação externa, etc. 1. Os manuscritos selecionados serão editados diplomaticamente, o que facilitará a sua leitura e ajudará a preservá-los.
2. Os documentos foram escritos em diversos tipos de papel, em épocas distintas, apresentando também caligrafias bastante diversificadas e um grande número de abreviaturas.
3.1 CRITÉRIOS PARA A EDIÇÃO DIPLOMÁTICA.
O trabalho de resgate da documentação é referente, como já dito, a uma pesquisa visando uma investigação filológica. Pretende-se, pois, com este trabalho, dar a essa documentação uma edição diplomática, ou seja, editar esses documentos de acordo com certos princípios que facilitarão a sua leitura. Este trabalho obedecerá às seguintes etapas:
3.1.1 Descrição do documento:
1. Número de colunas
2. Número de linhas da mancha escrita
3. Existência de ornamentos
4. Maiúsculas interessantes
5. Existência de sinais especiais
6. Número de abreviaturas
7. Tipo de escrita
8. Tipo de papel
9. Data do manuscrito
3.1.2 Transcrição do documento:
3.1.2.1 Critérios adotados na transcrição.
1. Respeitar fielmente o texto: grafia (letras e algarismos), linha, fólio, etc.;
2. Indicar o número do fólio, à margem direita, fazendo a chamada com asterisco;
3. Numerar o texto, linha por linha, indicando a numeração de cinco em cinco, desde a primeira linha do fólio;
4. Separar as palavras unidas e unir as separadas;
5. Desdobrar as abreviaturas com o auxílio de parêntesis: ( );
6. Utilizar colchetes para as interpolações: [ ];
7. Utilizar chaves para as letras e palavras expurgadas: { };
8. Indicar as rasuras ilegíveis do texto com o auxílio de colchetes e de reticências: [...];
9. Expontuar as letras de leitura duvidosa.
Normalmente, antes da apresentação do texto crítico, a edição crítica tem de passar por três etapas: a recensão, a estemática e a correção.
Essas três etapas constituem o que se denomina crítica textual, que é um conjunto de operações destinadas a apurar, preparar ou estabelecer o texto para este tipo de edição.
A recensão, ou recensio, é a operação inicial da edição crítica, que consiste no levantamento de todos os dados e testemunhos conhecidos, tanto na tradição direta quanto na indireta. A tradição direta é constituída das cópias manuscritas e as edições impressas do texto, e tradição indireta é constituída de todos os documentos que podem auxiliar na leitura ou interpretação desse texto, tais como as fontes, as traduções, as citações, os comentários etc.
A colação e o expurgo dos exemplares inúteis ou coincidentes também fazem parte da fase chamada recensão ou recensio.
A colação, ou collatio, é o confronto de todos os testemunhos recolhidos, tomando-se um deles como texto de base ou exemplar de colação, cuja execução exige cuidados muito especiais, pois é necessário que ele seja o que mais se aproxime do original. Por isto, é preciso verificar o estado de conservação do texto e a sua história externa, pois desta verificação é que resultará a escolha do texto base. No caso de se ter o original manuscrito, por exemplo, ou edições impressas em vida do autor, a preferência será dada a um deles, de acordo com critérios estabelecidos para cada caso.
Ao final da colação, comparados todos os testemunhos, o filólogo exclui todos os exemplares que forem considerados inúteis ao estabelecimento do texto crítico por serem coincidentes (ou cópias de outros testemunhos subsistentes) ou por outros motivos, como, por exemplo, por serem edições contaminadas ou deturpadas. A esta operação da crítica textual se costuma denominar eliminatio codicum descriptorum (eliminação dos códices copiados).
O stemma codicum, no sentido restrito, é organizado com os exemplares que restarem após esta operação, em forma de uma árvore de raiz para cima, constituindo-se na síntese da estemática, que é a fase da crítica textual que classifica e organiza os exemplares remanescentes, deixando explícitas todas as relações de dependência existentes entre cada um deles e os demais. A construção desta árvore genealógica dos manuscritos e edições, que parte do original ou arquétipo e termina nos testemunhos supérstites mais recentes.
Há casos em que a estemática é dispensável, como naqueles em que há um codex unicus, quando só há uma edição impressa da obra e quando o original está perfeito e não houve edição em vida do autor.
A terceira fase da crítica textual é a emendatio ou correção do texto, que pode ser feita através do cotejo dos códices ou das edições ou por conjeturas. No primeiro caso, cotejam-se os textos e mantém-se a forma que prevalecer no maior número de famílias; no segundo caso, quando tal cotejo se mostrar inútil, somente os conhecimentos do filólogo em relação ao texto, ao ator e à época poderão solucionar todos os casos.
A apresentação do texto, que é o coroamento da tarefa do filólogo, é feita em duas partes, a saber: a introdução ou prefácio e o texto propriamente dito.
A introdução deve conter “os elementos históricos e metodológicos relacionados com o autor, com a época e com a obra”, segundo o Prof. Leodegário (cf. AZEVEDO FILHO, 1987, p. 58). Nesta parte deve ser incluída uma informação biobibliográfica do autor, a tradição manuscrita e impressa, direta e indireta da obra, a análise dos métodos usados nas edições anteriores, o método adotado (com informação minuciosa sobre as etapas da pesquisa), abreviaturas utilizadas, normas de transcrição, informações sobre a ortografia dos manuscritos e digressões sobre a obra (seu significado estético, histórico, científico, etc.)
Quando se trata de um codex unicus, a modernização ortográfica só é justificável no sentido de atingir um público leitor mais amplo e, conseqüentemente, conseguir uma pesquisa de mercado menos desfavorável. No entanto, quando se trata de codices plurimi ou de várias edições impressas, quase nunca é produtiva a manutenção da grafia do texto base, principalmente se este não corresponde ao original manuscrito nem à edição impressa definitiva.
O tratamento dado às maiúsculas, à ligação e separação de palavras, à acentuação, à pontuação e à divisão de texto deve ser minuciosamente descrito na introdução. 

3 – ANÁLISE METODOLÓGICA DE EDIÇÕES CRÍTICAS.
Pretendemos mostrar, neste artigo, que as edições críticas dificilmente atingem os objetivos idealizados por seus empreendedores. Quase todos eles lamentam não poderem superar algum tipo de obstáculo que se lhes apresentou, tais como: a complexidade metodológica da crítica textual, as dificuldades de acesso aos testemunhos existentes e, mesmo, de descobri-los, e as exigências das casas editoriais, pressionadas pelas pesquisas de mercado.
Segundo o Professor José Pereira da Silva da Revista CiFEFiL, em recente artigo afirmou que as edições críticas estão em ascensão graças, principalmente, aos Professores das Faculdades de Letras, História, Teologia e outras que têm o texto como material e fonte de pesquisa, assim como os de línguas e literaturas de níveis médio, que têm procurado mostrar os prejuízos que o uso de textos editados irresponsavelmente pode causar.
3.1 - CANTIGAS DE AMIGOS DOS TROVADORES GALEGO-PORTUGUESES
NUNES, José Joaquim. Cantigas d’amigo dos trovadores galego-portugueses. Edição crítica, acompanhada de introdução, comentário, variantes e glossário. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973. Vol III. A 1ª edição é de Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926-28.
Na “Introdução”, que constitui o primeiro volume dessa obra, o autor trata da origem, objeto e divisão das cantigas de amigo; dos cultores e das características da poesia provençal e de sua influência na poesia galego-portuguesa; da biografia dos trovadores galego-portugueses; da gramática e poética das cantigas de amigo e dos dois códices em que elas se conservaram.
No segundo volume aparecem os textos, que vêm procedidos de uma introdução intitulada “Ao Leitor” (p. VII-XVI), dando-nos a sua orientação metodológica.
No terceiro volume, dividido em quatro partes, temos: o comentário métrico e filológico das cantigas; as suas variantes, que constituem as ligações dos cancioneiros da Vaticana e Colocci-Bracuti; o glossário e, por fim, as correções e aditamentos ou acrescentamentos.
O texto foi estabelecido a partir do cotejo dos dois apógrafos acima referidos. No entanto, não houve um critério absolutamente objetiva para decidir os casos em que havia divergência entre os dois códices, tornando-se, o editor crítico, o árbitro absoluto para cada caso. Algumas vezes ele tomou a liberdade, inclusive, de se afastar dos manuscritos, na crença de que os copistas não haviam decifrado corretamente o original. Nestes casos, as soluções foram de duas naturezas: estabelecimento de uma leitura diferente, de acordo com o que se lhe afigurou teria sido a primitiva lição, ou o acréscimo ou eliminação de palavras.
Foi nesses pontos (onde ele se afastou do manuscrito) que seu trabalho se tornou menos científico e mais sujeito a erros. Tanto assim é que, antes mesmo de terminar a edição desses textos, foi necessário acrescentar-lhes algumas correções.
Objetivo e prático em seu trabalho, J. J. NUNES apreciou e comentou as 512 cantigas de amigo editadas numa média de apenas duas páginas cada uma, e com um eficiência que só um grande filólogo pode conseguir.
I. Aplicação do seguinte esquema de análise em relação ao texto de cada cantiga:
1. Versificação;
2. Indicação dos manuscritos;
3. Variante dos manuscritos;
4. Leitura crítica compreendendo:
a) pontuação;
b) crítica geral do texto impresso;
5. Sentido geral do texto. 

4 – NORMAS DE TRANSCRIÇÃO.
a) simplificar o revestimento gráfico, da ortografia, do texto de base, mas de tal arte que não se traia nenhum fato lingüístico propriamente dito, subjacente na ortografia que se simplifica; desse modo, todos os valores realmente diferenciais, bem como todos os valores potencialmente diferenciais de fatos lingüísticos que existam por baixo da ortografia original, devem ser respeitados, e assim também se procederá nos casos duvidosos ainda insanáveis ou não superáveis;
b) corrigir os chamados erros óbvios, isto é, aqueles que, numa paráfrase da fórmula do crítico verbal Louis Havet, são erros em que o leitor mediano não atenta, numa leitura espontânea, tão óbvia é a lição verdadeira que não está impressa;
c) conservar todas as formas duvidosas, desde que passíveis de uma interpretação satisfatória, ainda que algo inverossímil.
Na realidade, não é fácil criticar qualquer opção do editor crítico em relação às normas de transcrição adotadas, pois quaisquer outras que as substituam poderão também sofrer outras tantas críticas.
Na verdade, esse meio termo adotado pelos editores críticos não nos parece o melhor critério. Talvez fosse melhor fazer a atualização absoluta da ortografia e registrar, na introdução ou num vocabulário, as variantes gráficas encontradas e, se possível, a freqüência de cada uma.
Desfazer as siglas e abreviaturas, na maior parte dos casos, corresponde a atualizar a grafia, assim como desfazer os conglomerados gráficos ou juntar as partes de vocábulos escritos separadamente no texto de base.
De outro lado, não nos parece conveniente normalizar a grafia nos casos em que ela reflete ou pode refletir a pronúncia da época nem naquelas “etimologicamente não justificadas”, a não ser que se faça como sugerimos acima, registrando todos os casos na introdução ou num vocabulário.
Enfim, as normas de transcrição gráfica só poderão ser estabelecidas pelo editor crítico depois de profunda análise do seu texto de base, das suas características e dos objetivos da própria edição empreendida. Qualquer decisão antecipada ou apressada pode levar todo o trabalho do editor a confusões e a perdas irreparáveis. 

5 – CONCLUSÃO.
Partindo desta análise, concluímos que há uma forte inter-relação entre a Filologia e a Edóctica, visto que um estudo filológico se inicia a partir da publicação do texto, ou seja, da sua edição princips (primeira edição) que apesar de não ser um trabalho filológico, é um bom objeto de estudo. Segundo Spina, “ a Edóctica representa como que o ponto de chegada de todo o labor filológico, embora hoje o papel da Filologia apresente um propósito mais arrojado, mais pretensioso do que a simples canonização dos textos literários através de procedimentos que se consubstanciaram na chamada ‘crítica textual’ ”. (Spina , 1977, p. 60).
A Edóctica de forma técnica é de grande relevância para a investigação filológica e também para a crítica literária. E na sua apuração do texto literário genuíno, vai-se transformando perante a Filologia em uma base indispensável de apuração textual de obras literárias modernas e contemporâneas, assim como na Filologia de cunho medieval. A crítica textual em língua portuguesa já possui alguns trabalhos práticos que podem ser considerados modelares, tanto em edições de textos medievais ou de português arcaico, quanto em edições de textos modernos. Apesar de haver alguns princípios básicos aconselháveis a todos os editores críticos, tanto as normas de transcrição quanto a forma de apresentação do texto, serão decididas pessoalmente pelo editor e particularmente para cada obra.
O que não pode faltar numa edição crítica é a fidelidade ao texto de base e o estabelecimento de critérios seguros, aos quais não se permite nenhuma forma de desobediência. Quanto aos detalhes, tudo deverá ficar bem estabelecido na introdução metodológica ou crítico-filológica. Isto é o que aprendemos com a Edóctica e com a Filologia.

6 – BIBLIOGRAFIA.
ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. Prefácio de Antônio Houaiss. [Rio de Janeiro]: Nova Fronteira; [Brasília]: Instituto Nacional do Livro/ Pró-Memória ,1986.
AUERBACH, Erich. Introduction aux études de Philologie Romane. 2ed. Frankfurt am Main, Klosterman, 1961.
AZEVEDO FILHO, Leodegário Amarante de. Iniciação em crítica textual. Apresentação de Antônio Houaiss. Rio de Janeiro: Presença, 1987.
BUENO, Francisco da Silveira. A formação histórica da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1958.
CARDOSO, Wilton; CUNHA, Celso. Estilística e Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. 6ed. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1973.
ELIA, Sílvio. Preparação à Lingüística Românica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.
HOUAISS, Antônio. Elementos de bibliologia. Reimpressão fac-similar. São Paulo: HUCITEC; [Brasília]: Instituto Nacional do Livro / Pró-Memória, 1983. XVIII + 334 + 198 p.
NUNES, José Joaquim. Cantigas d’amigo dos trovadores galego-portugueses. Edição crítica, acompanhada de introdução, comentário, variantes e glossário. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973. Vol. III.
SILVA, Jose Pereira da. A Metodologia Crítica Textual. In: Revista CIFEFiL. 3(8)16-27.
SILVA NETO, Serafim da. Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil. 5ed. Rio de Janeiro: Presença, 1976.
SPINA, Segismundo. Introdução à Edótica: crítica textual. São Paulo: Cultrix / EDUSP, 1977.
VASCONCELOS, Carolina Michäelis de. Lições de Filologia Portuguesa. Lisboa: Revista de Portugal, 1946.
VASCONCELOS, José Leite de. Lições de Filologia Portuguesa. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1959.

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