Revista do NEFILLI

Núcleo de Estudos Filológicos, Lingüísticos e Literários – NEFILLI

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CONTO E ENCANTO

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

RESENHA CRÍTICA: A crítica genética


Profª. Drª. Bárbara de Fátima.


BIASI, Pierre-Marc. A crítica genética. In: BERGEZ, Daniel et alii. Métodos críticos para a análise literaria. Trad. Olinda Maria Rodríguez Prata. São Paulo: Martins Fontes, 1997.  p.1-44.

            O texto apresenta como introdução o objetivo maior da crítica genética: a dimensão temporal do texto em estado nascente. Os manuscritos contam uma história singular, onde o autor com a sua idéia principal, o momento em que o texto, escrito, aparece na forma de livro impresso.
            Biasi aponta a diferenciação entre a genética textual que ele define como aquela linha que estuda materialmente os manuscritos, que os decifra e a crítica genética como sendo aquela que interpreta os resultados das decifrações. Em ambos os casos percebem-se que o objetivo geral é a de reconstituir a história do texto em estado nascente procurando de forma incansável, os segredos de fabricação da obra. O processo é bem fácil de ser compreendido através desta abordagem bastante recente e por não dizer no auge de seus quinze anos, a crítica genética analisa o documento autógrafo para compreender a escrita e os passos de produção do texto. Também elabora os conceitos, métodos, técnicas e, ainda, introduz novas perspectivas, diga-se científica, na análise do fenômeno literário.
            O autor também descreve de forma bastante pedagógica os estudos da gênese na filologia clássica e na filologia moderna, através do texto em desenvolvimento, como estrutura em estado nascente, apresentado na extensão de um novo objeto, concreto e específico, estruturado pelo tempo, o manuscrito.
            De forma bem didática, observa-se que o autor descreve os estudos genéticos e os divide em quatro fases: fases pré-redacional, redacional, pré-editorial, editorial. Estas fases ou diferentes momentos permitem ao pesquisador reconstituir cronologicamente a gênese material da obra e empregar sucessiva e complementada quatro grandes operações da pesquisa: estabelecimento da documentação, especificação das peças, classificação genética, decifração e transcrição. O pesquisador se utiliza de um dossiê de manuscritos que como em uma investigação policial fornecerá as informações indispensáveis. Para tanto, a codicologia terá um papel fundamental pois por ser a ciência dos suportes materiais: tintas, tipo de papel, lápis, etc., o pesquisador pode classificar e datar documentos problemáticos ou não. Outra técnica se realiza através do tratamento híbrido que consiste em fazer um feixe laser atravessar o microfilme negativo de um manuscrito. Com a modernidade pode-se fazer uso de modernos softwares para realizar as “edições automáticas” de manuscritos e os primeiros “dicionários de substituição”.
Também se apresenta a gênese ligada a várias áreas: psicanálise (os rascunhos permitirão a construção de uma psicocrítica, que se enriquecerá com a interpretação dos fenômenos inconscientes); poética (fornece meio concreto de reflexão que se relacionam com o método e o objeto do autor); lingüística (os rascunhos mostram a relação de similaridade ou de diferença através do estudo da linguagem); sociocrítica (capta o vestígio do meio ambiente e dos processos sócio-históricos nos manuscritos).
Muitos campos de estudo para a genética textual e para a crítica genética são apresentados pelo autor que faz uso de uma linguagem clara, objetiva e, acima de tudo, esclarecedora como profundo conhecedor e pesquisador do assunto.

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