Profª. Drª. Bárbara de Fátima.
CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à Crítica Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p.1-35.
I- Definição de crítica textual.
1.1 As modificações sofridas por um texto ao longo do processo de sua transmissão.
II- Objetivo.
2.1 Restituição da forma genuína dos textos.
III- A mobilidade dos textos.
3.1 Modificação exógena – derivam da corrupção material: tanto da matéria subjetiva (papiro, pergaminho, papel, etc.) quanto da matéria aparente (grafite, tinta, etc.). A corrupção do material: umidade, sol, fogo, insetos, vandalismo. Exemplos: Pergaminho Vindel e Pergaminho Sharrer.
3.2 Modificação endógena – derivam do ato de reprodução do texto em si, ou seja, do processo de realização de sua cópia em um novo suporte material.
3.3 Diferença entre modificação exógena e modificação endógena:
3.3.1 As endógenas se originam de forma interna ao ato da cópia (depende seu responsável).
3.3.2 As exógenas se originam de forma externa, na medida em que não depende so seu realizador.
3.3 Subdivisão das Modificações endógenas.
3.4.1 Categorias autorais: são realizadas pelo próprio autor intelectual da obra.
3.4.2 Categorias não-autorais: são as que ocorrem sem a autorização nem o conhecimento do autor, ou seja, são fruto da atividade de terceiros.
3.4 Subdivisão das modificações não-autorais.
3.5.1 Modificações voluntárias – são aquelas que ocorrem por ato deliberado de quem reproduz o texto.
3.5.2 Modificações involuntárias – são aquelas que ocorrem por lapso de quem reproduz o texto (erro de cópia).
IV- Crítica Textual – restituição da forma genuína dos textos, isto é, de sua fixação ou estabelecimento.
4.1 Ecdótica – estabelecimento de textos e a sua apresentação, isto é, a sua edição: restitui a forma genuína de um texto, mas também os procedimentos técnicos para apresentar o texto ao público.
4.2 Filologia – Definições.
4.2.1 Estudo das sociedades e civilizações antigas – documentos e textos legados – língua escrita e literária como fonte de estudos.
4.2.2 Estudo rigoroso dos documentos escritos antigos e da sua transmissão para estabelecer, interpretar e ditar esses textos.
4.2.3 Estudo científico do desenvolvimento de uma língua ou de famílias de línguas – gramática histórica.
4.2.4 Estudo científico de textos, estabelecimento de sua autenticidade através da comparação de manuscritos e edições utilizando-se de técnicas auxiliares (paleografia, estatística para datação, história literária, etc.), especialmente para a edição de textos.
4.2.5 Ponto de vista etimológico – “amor à palavra”.
4.2.6 Friedrich August Wolf – “Estudo do que é necessário para conhecer a correta interpretação de um texto literário”.
4.2.7 Silva – “A arte, que trata da intelligencia, e interpretação crítica grammatical, ou rhetorica dos Autores, das antiguidades, historias, &c.”.
4.2.8 Leite de Vasconcelos – “(...) o estudo da nossa língua em toda a sua amplitude ... língua”.
4.2.9 Silva Neto e Carolina Michaëlis – “(...) o estudo científico... espírito nacional”.
4.2.10 Melo – “(... ) o estudo largo... contida”.
4.2.11 Bueno – “O conhecimento... literários (...)”.
V- Tarefas do Crítico Textual segundo Carvalho e Silva.
5.1 A definição do conceito, do objeto, do método e das finalidades da ciência e das diferentes épocas da sua evolução;
5.2 O estudo e classificação dos textos e das edições, e, nos casos de dúvida, a averiguação da sua autenticidade e a fundamentada identificação de textos apócrifos e de edições fraudulentas (contrafações);
5.3 O exame da tradição textual e da fidelidade das transcrições, cópias e edições;
5.4 A pesquisa da gênese dos textos, sem deixar de lado qualquer elemento (inclusive fragmentos textuais) que possa contribuir para as conclusões sobre o labor autoral;
5.5 A fixação de princípios que devem orientar o trabalho da reprodução e da elaboração de todos os tipos de edições de textos;
5.6 A aplicação de tais princípios e normas gerais a diferentes tipos de textos, tendo em vista os contextos histórico-culturais em que estão integrados;
5.7 O estabelecimento de normas gerais e de normas específicas para a conversão dos textos orais em textos escritos;
5.8 A indicação dos pressupostos filológicos para a boa realização da tradução dos textos;
5.9 A organização dos planos de publicação das obras avulsas ou das obras completas de determinado autor, apoiada em rigoroso levantamento de dados histórico-culturais e biobibliográficos e a formulação de normas editoriais para cada caso em exame;
5.10 A preparação de edições fidedignas ou de edições críticas, enriquecidas, sempre que recomendável, de estudos prévios, notas explicativas ou exegéticas destinadas a valorizar o labor autoral.
VI- Contribuições.
6.1 Recuperação do patrimônio cultural escrito de uma dada cultura.
6.2 Estudos lingüísticos – os textos escritos – corpus – fonte de dados para o conhecimento da língua.
6.3 Estudos literários – os textos escritos – são essenciais – literatura escrita – o crítico literário exerce sua função com base em um testemunho que reproduz a forma do texto que o autor lhe deu – sua forma genuína.
VII- Transdisciplinaridade.
7.1 Paleografia – é o estudo das escritas antigas. A finalidade é teórica quanto pragmática. A teórica – entende como se constituíram sócio-historicamente os sistemas da escrita. A pragmática – capacitação de leitores modernos para avaliarem a autenticidade de um documento, com base na sua escrita, e de interpretarem as escritas do passado.
7.2 Diplomática – estudo de documentos (jurídicos). Documentos – toda notícia escrita de algum acontecimento.
7.3 Codicologia – consiste no estudo da técnica do livro manuscrito (do códice). História do manuscrito, investigação sobre a localização dos manuscritos, etc.
7.3.1 Relevância – para o crítico textual:
1- Fornece informações que permitem compreender algumas das razões pelas quais os textos se modificam no processo de sua transmissão (troca na ordenação das partes do códice pelos copistas);
2- São também utilizados mais pragmaticamente na descrição de códices (devem constar na edição de textos preservados em manuscritos).
7.4 Bibliografia – material – estudo da técnica do livro impresso.
7.5 Lingüística - estudo científico da linguagem humana.
7.5.1 Na edição de textos – lingüística histórica – crítica textual prefere os textos do passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário