Revista do NEFILLI

Núcleo de Estudos Filológicos, Lingüísticos e Literários – NEFILLI

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CONTO E ENCANTO

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

RESUMO: A Edição de Textos


Profª. Drª. Bárbara de Fátima.


SPAGGIARI, Bárbara; PERUGI, Mauricio. A edição dos textos. In: Fundamentos da Crítica Textual. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2004. p. 15-27.

            A autora inicia o seu texto apresentado dados sobre a invenção da imprensa por Johannes Gutemberg no século XV. O que antes, no tempo dos gregos e romanos, era de natureza manuscrita passou a ser impresso com caracteres móveis.
            Para os conceitos de Codicologia e Paleografia temos que a primeira estuda os manuscritos ou códices definindo o suporte empregado, as dimensões do objeto, a sua formação, o seu conteúdo, as mãos que transcreveram o texto, a sua datação, etc. Esta disciplina envolve uma atenção minuciosa para que nenhuma informação sobre o texto em estudo se perca, além do mais apresenta também uma espécie de glossário ou terminologia para melhor definir seus termos técnicos. Desde a época do Antigo Egito a pessoa que transcrevia materialmente a obra era chamada de copista ou amanuense. Depois, este trabalho profissional passou a ser dos monges dos conventos medievais e dos amanuenses laicos; o trabalho amador era realizado por copista diletante. A segunda , ou seja, a paleografia apresenta-se como sendo uma disciplina complementar da codicologia que tem por finalidade o estudo dos caracteres gráficos antigos, examinando e catalogando as formas de escrita conforme a datação e o lugar de procedência; os fatores que influenciavam a escrita de um copista: tipo histórico, geográfico ou social, mudanças advindas da idade, do cansaço, da pressa, de doenças, etc.; as formas abreviadas para poupar espaço e a vontade de ganhar tempo.
            Quando o original é escrito pelo autor recebe o nome de autográfo, se for escrito por outra pessoa e sob o seu controle chamamos de idiográfo. A primeira cópia derivada do original recebe o nome de apógrafo, enquanto que antígrafo denomina a cópia tirada de outro exemplar.Antes do advento da imprensa, um texto era copiado várias vezes e a cada cópia o texto estava sujeito a alterações quanto à sua versão original (erros ou a introdução de alterações).
            Para tanto foi criada a disciplina Crítica Textual (ou Ecdótica) que tem por finalidade:
1- O exame de toda a tradição manuscrita;
2- Verificar o seu grau de autenticidade;
3- Estabelecer o texto original perdido.
            A tradição impressa não evitou que o texto saísse do prelo isento de erros, conforme a última vontade do autor. Várias alterações poderiam produzir-se: durante a composição do texto palavra por palavra, através da qual as provas eram corrigidas pelo autor ou pelos revisores e após a aplicação da tinta nos caracteres que eram impressos numa folha de papel ou de pergaminho. Este procedimento era demorado, além do que os caracteres eram móveis e passíveis de mudança de lugar, de se quebrar, desfigurando o texto. Exemplares da mesma tiragem que deveriam ser idênticos, não são, e também os intervalos de tempo entre uma e outra tiragem que observamos nas edições antigas. Outro ponto importante é que sem a vigilância do autor durante a composição e a impressão, nunca saberemos se o livro corresponderá ao original.
             A primeira edição impressa da obra (incunábulos) se chama “editio princeps” (edição príncipe ou princeps) que significa a primeira edição em absoluto.
            Hoje com a criação e introdução dos computadores, os procedimentos para a publicação de obras mudaram:
1- O autor prepara o texto para publicação, versão definitiva, revista e corrigida;
2- O texto digitado no computador é gravado em disquete e entregue ao editor;
3- O fotocompositor transpõe os dados do disquete na página do futuro livro com corpo (estilo tipográfico) e o seu formato (dimensões) predefinidos;
4- A forma gráfica pode mudar, mas a versão definitiva fica inalterada, visto que o fotocompositor efetua apenas operação de tipo formal e intervém sobre aspectos “externos” ao texto;
5- O editor apresenta as provas ao autor para que ele possa corrigir e rever mais uma vez;
6- O autor licencia e a obra sai em forma de livro ou de CD-rom;
7- O texto definitivo está pronto para divulgação (editio ne varietur).
            Quando o texto original não estiver disponível, a crítica textual se encarregará do estabelecimento do texto. A tarefa maior da crítica textual será a de reconstituir o original perdido baseada na tradição manuscrita e impressa, direta e indireta da obra, para tanto são utilizados critérios científicos e rigorosos. Estes critérios e as técnicas utilizadas evoluem com o tempo. Este trabalho foi primeiro realizado pelos filólogos alexandrinos do século III. a. C. Eles são os iniciadores desta tarefa apesar de muito rudimentar. A eles devemos:
1- Recolha e sistematização das obras;
2- Composição de vários compêndios, gramáticas e histórias literárias, etc.
             Outro momento importante da Filologia Antiga está nos períodos do Humanismo e da Renascença, durante a busca dos manuscritos de obras clássicas, os filólogos entraram em cena para editar os textos quando deles existiam redações diferentes. Mas, o critério por eles adotado não tinha por finalidade a reconstituição do original perdido. As edições baseavam-se em códices recentes, facilmente lidos sem problemas pelos tipógrafos, isto significou que o manuscrito era normalmente não fidedigno. Quando os filólogos apresentavam um texto já “aperfeiçoado”, polido e límpido, constituía a editio vulgata, que até o século XIX constituíram o texto príncipe de referência.
            Concluindo, a crítica textual figura no século XIX e ainda não acabou. A Filologia Moderna ou Crítica Textual baseia-se em métodos verificados e garantidos sob o ponto de vista científico. E estes métodos vão variar de país para país, de escola para escola.

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