Profª. Drª. Bárbara de Fátima
REFERÊNCIA:
PEREIRA, Norma Suely da Silva. Um punhado de versos e páginas de prosa de Artur de Salles (uma antologia). Salvador: UFBA/PPGLL, 2002. Dissertação de Mestrado, orientada pela Profª. Drª. Célia Marques Telles. mimeo.
TIPO DE EDIÇÃO:
Classificação de Edição Crítica de textos: breves considerações teóricas.
CRITÉRIOS ADOTADOS:
1- Normatização realizada de acordo com o Grupo de Edição Crítica de Textos da UFBA, procurando-se ser fiel ao texto de base, mantendo uma postura conservadora, com vistas a preservar ao máximo as características do texto, por entender que elas fazem parte do usus scribendi do autor e ainda porque representam a realidade gráfica do período.
2- Conservou-se a grafia pseudo-etimolizante do autor, respeitando-se, inclusive as oscilações.
3- Abreviaturas correntes bem como os sinais convencionais já dicionarizados foram mantidos como nos originais.
4- Utilizaram-se colchetes para indicar interpolações e chaves para as letras expurgadas. A expressão sic, entre colchetes foi utilizada para destacar usos específicos, não convencionais, de grafia ou acentuação e/ou erros óbvios.
5- Para os textos com mais de uma versão, procedeu-se à Edição Crítica, estabelecendo-se para isto, um texto de base, a partir do qual, foi elaborado o aparato crítico. De forma diversa foram tratados os textos de versão única, para os quais se fez apenas uma edição procurando-se eliminar os erros óbvios e as gralhas de impressão.
APRESENTAÇÃO/ORGANIZAÇÃO DA EDIÇÃO (MODELO TEÓRICO-METODOLÓGICO):
A autora apresenta, nesse trabalho, a edição crítica da obra dispersa de Artur de Salles, a partir da pesquisa de fontes, em revistas literárias e de divulgação, da primeira metade do século XX, contribui para o estabelecimento dos problemas relativos aos inéditos do autor. Busca, ainda, situar a sua posição na literatura bahiana da época, oferecendo um panorama do seu vasto campo de atividades, ao tempo em que se tenta esclarecer alguns pontos de sua biografia. Do contato com os periódicos descortina-se um panorama da sociedade do início do século passado. Para dar um testemunho da importância desse meio de comunicação àquela época, faz-se uma descrição das revistas nas quais foram publicados os textos editados, salientando-se a relação em os periódicos, os poetas e a sociedade de então, com ênfase para a participação de Artur de Salles no meio social, na criação e colaboração nos periódicos.
De um total de 99 revistas com 2662 exemplares, consultados, foram encontrados 86 documentos do autor e, após a eliminação dos textos anteriormente editados, chega-se ao corpus de 9 textos poéticos e 11 em prosa, veiculados em 9 revistas. Passa-se , então, à busca de outras versões para os mesmos textos, os quais são comparados e, após o estabelecimento de tradição entre eles, seguindo-se o critério conservador, chega-se ao texto crítico. De forma diversa, foram tratados os textos de versão única, para os quais se oferece apenas uma edição. Concluída a recolha dos textos, foram descartados os que já foram alvo de edições anteriores. As versões foram identificadas com siglas, conforme a fonte em que se encontram e foram ordenadas por critério cronológico. Foram eliminadas as versões não autorizadas, exceto as da Obra Poética, considerada a vulgata, por ser conhecida do grande público e por apresentar uma grande parte da produção do poeta; e, no caso específico do poema A Fonte, versão póstuma da RALB, por ser este testemunho de transmissão declaradamente direta de uma versão não localizada da revista Bahia Nova, que traz variações em relação à única versão autorizada encontrada, a da revista Festa.
Para escolha do texto de base, considerando-se os textos com mais de uma versão, deu-se preferência à versão autorizada mais recente. Para os textos de versão única, uma vez que não há possibilidade de cotejo, a própria versão constituiu-se no texto de base para a edição.
As variantes foram apresentadas no aparato crítico, em itálico, em fonte menor, à direita do texto crítico.
Na transcrição das versões que serviam como texto de base, respeitou-se o seccionamento dos versos, quando texto poético, numerando-se linhas e versos e indicando-os de 5 em 5, à margem esquerda. Os textos originalmente lançados em mais de uma coluna foram dispostos em coluna única, indicando-se com auxílio de asterisco, à margem esquerda, as páginas e colunas correspondentes no original, identificando-se, para efeito de descrição como coluna a, a coluna da esquerda e coluna b, a da direita.
Os textos foram classificados em poesia, prosa poética e prosa, de acordo com a sua estrutura, e ordenados cronologicamente, conforme a data de publicação.
A pesquisa da autora revelou que os periódicos tiveram um papel determinante na divulgação dos fatos históricos e culturais de um modo geral, no período estudado. Pode-se verificar que, a despeito do constante exílio a que foi submetido, Salles participou intensamente da vida cultural do Estado.
Sua produção dispersa é bastante extensa e revela um singular usus scribendi, uma vasta erudição e um vocabulário extremamente rico. Além de parnasiano e simbolista, o poeta aventura-se também na estética modernista. É não só poeta dos melhores, como também excelente prosador. A produção textual localizada ratifica a importância na obra sallesiana para a literatura bahiana. Acompanham a edição de Um Punhado de Versos e Páginas de Prosa um Glossário de termos raros ao autor.
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